Filhos de Corá: Descubra Quem Eram e Seus Salmos

Neste artigo sobre os Filhos de Corá, Você descobrirá: significado do nome; a história dos filhos de Coré; seus ofícios; legados como músicos e salmistas e muito mais! Clique agora e se maravilhe com a história dos coraítas.

AUTORES

Daniel Corrêa

12/16/202510 min ler

Os filhos de Corá
Os filhos de Corá

1. INTRODUÇÃO

A história dos Filhos de Corá/Coré ou caraítas é uma narração de superação geracional poderosa, mas que infelizmente não é tão conhecida pelos cristãos. Muitos podem ter uma breve noção dos filhos de Corá devido os salmos compostos por eles, como por exemplo o Salmo 42 e 43.

Eles são levitas, integrados nas atividades cerimoniais do templo. Todavia, foram marcados por uma rebelião do passado, nos dias de Moisés.

Sua trajetória é um testemunho vívido da graça de Deus, que transformou um passado sombrio em uma fonte de inspiração poética e adoração duradoura. Neste artigo, exploraremos a história de Corá, o livramento de seus descendentes e o legado de 11 Salmos que eles deixaram no Saltério.

Neste artigo você descobrirá:

  • Significado do nome Corá.

  • Origem de Cora.

  • Funções do templo e outros legados.

  • Salmos compostos pelos Coraítas.

2. SIGNIFICADO DE CORÁ

A palavra Corá, no hebraico é Qorach - seu significado é careca, calvo ou calvície. O nome pode aludir ao problema genético de calvície precoce de Corá e seus posteriores. Mas, é importante ressaltar que a Bíblia não faz nenhum destaque sobre anomalia capilar dos coraítas.

3. ORIGEM DE CORÁ

Corá era descendente de Levi (Êx 6.21-24), filho de Jacó. Ele foi filho de Isar (em algumas traduções está Jizar); filho de Coate (do qual saíram os coatitas). Para entendermos melhor a origem de Corá, precisamos assimilar a função especial da tribo de Levi.

Nos tempos da peregrinação do deserto da história de Israel, onde o povo foi libertado do Egito; Moisés, foi orientado por Deus para separar a tribo dos levitas para o serviço sacerdotal no tabernáculo (Êx 28:1; Nm 3:5-8; Dt 10:8-9). Ele não poderiam ter terra e nem trabalhar no campo. Seus sustento viria dos dízimos e das ofertas dos seus irmãos israelitas (Nm 18:20,21,24; Dt 10:9).

Em Números 16, a Bíblia narra que Corá, Datã e Abirão, ajuntou uma rebelião com 250 homens contra a liderança de Moisés e Arão no deserto. Estes, eram chamados de príncipes da congregação; uma expressão idiomática a qual expressa a grande influência deles naquele tempo (v. 1,2).

O motivo da revolta? O versículo 3 mostra o que a rebelião falou para Moisés e Arão: e se ajuntaram contra Moisés e contra Arão e lhes disseram: Basta! Pois que toda a congregação é santa, cada um deles é santo, e o Senhor está no meio deles; por que, pois, vos exaltais sobre a congregação do Senhor?

A fala deles denota inveja na liderança de Moises e Arão. Segundo a Bíblia de Estudo de Genebra, eles invejavam também os coatitas, pois eles tinham acesso as funções mais sagradas do Tabernáculo. No fim, o que eles queriam, era liderar Israel.

No entanto, Deus escolheu tanto Moisés quanto Arão. A rebelião contra eles foi encarada como um ato de ofensa contra o Libertador de Israel.

O resultado desta história não poderia ser pior. Corá, Abirão, Datã e os 250 integrantes, foram engolidos pela terra (v31-33). Corá e boa parte da sua família foram mortos pelo juízo divino. No entanto, a Bíblia fala a frente que nem todos os filhos de Corá morreram (Nm 26.11). O que nos leva a crer que estes que sobreviveram a catástrofe decidiram não seguir o exemplo de seu pai.

APLICAÇÃO

A história de Corá ensina sobre o perigo de causar intrigas no meio do povo de Deus. Em Pv 6.19, a Palavra de Deus deixa claro que o Senhor detesta a discórdia. Em Gl 5.20 o apóstolo Paulo afirma que facção faz parte das obras da carne, o que denota a essência maligna. Quem promove contenda, divisão, partidarismo, não é movido pelo Espírito Santo, mas sim pelo maligno.

Ao lermos o Novo Testamento, notamos que a união da igreja é uma de suas principais exortações. Exortações como, perdoar uns aos outros, amar uns aos outros, suportar uns aos outros, são imperativos que visam a harmonia e qualidade na irmandade da igreja.

Outro exemplo que se pode extrair desta passagem é a determinação dos filhos sobreviventes em submeter-se a Deus e não avultar a rebelião do seu pai. Muitas pessoas acabam seguindo os comportamentos inadequados das suas famílias e da cultura das suas comunidades. Os filhos de Corá escolheram não dar continuidade ao espírito provocador, ressentido e divisionista de Coré, mas sim se voltarem para o ideal de Deus.

Esta decisão levou a uma excelente repercussão geracional que será expresso na seção seguinte.

4. O LEGADO

Restaurados e fiéis, os Filhos de Corá desempenharam funções essenciais na organização litúrgica do Templo de Jerusalém, organizada pelo Rei Davi.

4.1. FUNÇÕES DO TEMPLO

Os coraítas eram a divisão levita responsável pelas funções musicais no culto.

  • Nos dias do rei Davi: Nos dias de Davi, eles foram designados como cantores e músicos entre os levitas que Davi organizou para o ministério de louvor (1 Cr 6:38).

  • Nos dias do rei Josafá: (2 Cr 20:19), os coraítas continuaram exercendo suas funções de tocar instrumentos e cantar louvores, sendo guardiões do louvor na Casa de Deus.

Além da música, os coraítas tinham um papel de vigilância e organização no Templo.

  • Porteiros (Guardas): Eles eram responsáveis por guardar as entradas do Tabernáculo e, posteriormente, do Templo (1 Crônicas 9:19-32; 1 Crônicas 26:1-19). Essa combinação de arte e vigilância sublinha que o seu serviço era tanto artístico quanto logístico, exigindo disciplina e fidelidade.

  • Coraítas no tempo pós-exílico: a geração dos coraítas se estendeu na Bíblia até o pós exílio. Em Ed 2.42, mostra que os filhos dos porteiros, os quais foram 139 membros. O termo: filhos dos porteiros; certamente associa os levitas que trabalharam como porteiros e guardas do templo e do tempo do tabernáculo.

APLICAÇÃO

O comportamento dos filhos inspiram a igreja atual e cada crente a serem ativos em suas comunidades com seus dons e talentos. A Bíblia fala com bastante ênfase sobre o dever de exercer os dons espirituais. Em 1 Co 12.31; 14.1 Paulo exorta a igreja para procurar os melhores dons.

Além disso, não podemos perder de vista o objetivo final das virtudes que Deus coloca em nossas vidas. A finalidade dos dons é a edificação do povo de Deus. Em Ef 4.11-12, o apóstolo fala que os dons de apóstolo, profeta, mestre, evangelista e pastor visam ao aperfeiçoamento dos santos.

Portanto, sejamos como os filhos de Corá, destemidos, compromissados e disciplinados nas atividades outorgadas por Deus para sua igreja militante.

4.2 OS VALENTES DE DAVI

Outro fato interessante dos filhos de Coré são 5 homens que moravam na tribo de benjamim. Quando Davi fugia do rei Saul, vieram de Ziclague, homens valentes que provavelmente estavam em discordância com as atitudes do rei Saul de perseguir loucamente a Davi.

Dentre os valentes, 5 eram os coreítas. São eles: Elcana, Issias, Azarel, Joezer e Jasobeão (1Cr 12.6). Provavelmente, eram homens que não estavam escalados na função de guardar do tabernáculo e resolveram ajudar o novo ungido de Deus. Outra alternativa também, é a abdicação do cargo para ingressarem no novo exército de Davi.

APLICAÇÃO

A valentia dos 5 coraítas de Ziclague nos levam para a seguinte reflexão: devo ser leal aos homens? Devo ser leal a um ungido de Deus? Devo me submeter aos meus líderes espirituais e ser leal a eles?

Acredito que tais homens que se juntaram a Davi tomaram a posição correta, pois nenhuma autoridade tem poderes absolutos e inquestionáveis por Deus. Neste caso, a perseguição lunática do rei Saul contra Davi, manifestou total desaprovação.

Ao contrário de Corá, o qual quis causar rebelião contra Moisés, os coraítas quiserem defender o ungido de Deus contra um ato perverso e maligno de um rei que infelizmente também era ungido; mas estava em total desobediência ao Senhor.

Na nossa vida cristã comunitária, a Palavra de Deus orienta que os cristão devem se submeter aos pastores e líderes espirituais (1Ts 5.12-13; Hb 13.17). Por outro lado, tal liderança não está livre de repreensões e também não pode abusar do seu cargo (1Tm 5.19-20), mas deve encará-lo como meio do qual ele coopera para o crescimento do seu povo (1Pe 5.2-3).

4.3 COMPOSIÇÃO DOS SALMOS

O maior legado dos Filhos de Corá são os 11 Salmos (uma minicoleção) que lhes são atribuídos no Saltério. Estes cânticos se manifestam uma variedade de gêneros e intensidades. Mostrando que não foram compostos por apenas um filho de Corá, mas por muitos e de tempos distintos.

Os Filhos de Corá são autores dos seguintes Salmos: 42, 43, 44, 45, 46, 47, 48, 49, 84, 85, 87.

Salmo 42

Este é um Salmo de lamento. O Salmista expressa uma dor profunda por estar afastado do Templo, ansiando pela presença de Deus como o cervo anseia por águas frescas. É uma luta da alma contra o desânimo, que termina em uma nota de esperança renovada: “Espera em Deus, pois ainda O louvarei.”

Salmo 43

Funcionando como uma continuação temática do Salmo 42, este é um salmo de súplica fervorosa por libertação e justiça. O poeta roga a Deus que aja como seu Advogado, que o resgate dos inimigos e o conduza de volta ao santo monte e aos Seus altares, reafirmando sua sede pelo culto no santuário.

Salmo 44

Um lamento nacional, este Salmo expressa o sofrimento coletivo do povo que se sente humilhado e abandonado por Deus, apesar de manter a fidelidade à Sua aliança. É um clamor sincero que questiona a razão das derrotas e aflições presentes, contrastando a glória passada com a dor atual.

Salmo 45

Este é um cântico nupcial e profético. Originalmente composto para celebrar o casamento de um rei terreno, a linguagem usada exalta a beleza, majestade e justiça do monarca, ultrapassando o contexto imediato e apontando para a glória eterna do Messias (Cristo). Logo seu gênero é de um salmo messiânico

Salmo 46

O salmo 46 é conhecido como o Salmo de Lutero ("Castelo Forte"), é um hino de confiança inabalável. O Salmista proclama que Deus é um refúgio e fortaleza seguro, presente mesmo quando o mundo parece desmoronar (terremotos, guerras, caos das nações). O tema central é a paz e a segurança encontradas na presença de Deus em Sião.

Salmo 47

Um vibrante cântico de coroação (ou de entronização). Este Salmo convoca todas as nações a aplaudirem a Soberania universal de Deus. Ele celebra o momento em que Deus é entronizado como Rei sobre toda a terra, com júbilo e toque de trombetas, reforçando que Seu domínio se estende sobre todos os povos.

Salmo 48

Este é o cântico da cidade de Sião, louvando a majestade e a beleza de Jerusalém, o lugar escolhido por Deus para habitar. O Salmo descreve a cidade como inexpugnável, sendo um refúgio seguro onde Deus demonstra Seu poder protetor contra os exércitos inimigos.

Salmo 49

Uma meditação sapiencial (de sabedoria) que reflete sobre a transitoriedade da vida humana e a futilidade de confiar na riqueza. O Salmo conclui que a morte iguala a todos – ricos e pobres – e que a única esperança duradoura está na redenção e no livramento que somente Deus pode oferecer.

Salmo 84

O mais popular dos Salmos de Corá, é um cântico de anseio por Deus e Seu santuário. Expressa uma profunda felicidade por estar nos átrios do Senhor, onde um único dia é melhor do que mil em outro lugar. Ele louva a bem-aventurança daqueles que confiam em Deus e que têm a força da jornada em seus corações.

Salmo 85

Uma oração pela restauração e misericórdia do povo. Composto provavelmente após o retorno do exílio ou de um período de julgamento, o Salmista pede a Deus que renove Sua graça e Sua salvação, resultando na união de Justiça e Paz sobre a terra.

Salmo 87

Este é uma visão profética da glória de Sião. O Salmo celebra a fundação da Cidade Santa por Deus, declarando que todas as nações – de Babilônia à Etiópia – serão consideradas nascidas espiritualmente em Sião. É uma antecipação da natureza universal e inclusiva do povo de Deus.

5. CONCLUSÃO

A história dos Filhos de Corá é uma lição teológica atemporal: o pior passado não precisa definir o seu futuro com Deus. De uma linhagem de rebelião, Deus levantou uma família de cantores e poetas.

Seus Salmos são um convite a todos nós. Eles nos ensinam a canalizar a dor, o anseio e a saudade para a adoração, transformando nossa história em uma canção de redenção.

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RECAPITULAÇÃO

Quem são os Filhos de Corá?

Os Filhos de Corá são uma linhagem levita que se tornaram autores de 11 Salmos (como 42 e 84). Eles são descendentes de Corá, o rebelde, mas foram poupados do juízo, e sua história de redenção os levou a se tornarem músicos, cantores e porteiros fiéis no serviço do Templo de Jerusalém.

Por que os descendentes de Corá foram poupados do juízo?

Em Números 26:11, a Bíblia afirma que "os filhos de Corá não morreram" durante o juízo de Deus que consumiu seu pai. Isso sugere que os descendentes diretos não participaram ativamente da rebelião, e Deus, em Sua graça, poupou a linhagem, permitindo que ela se dedicasse ao serviço sagrado.

Qual Salmo mais famoso é atribuído aos Filhos de Corá?

O Salmo 42 é o mais famoso dos Salmos atribuídos aos coraítas. Ele é conhecido por expressar um profundo anseio e sede espiritual pela presença de Deus, usando a metáfora da corça que busca água.

Qual era o papel dos coraítas no Templo?

O papel principal dos Filhos de Corá era duplo: eles eram músicos e cantores designados para o ministério de louvor e, crucialmente, eram os porteiros ou guardas responsáveis por vigiar as entradas do Tabernáculo e do Templo.